Doenças reumáticas autoimunes são condições que afetam as articulações e o sistema imunológico, e costumam ser associadas a adultos. No entanto, o que muitos não sabem é que essas doenças também podem impactar a audição em crianças e adolescentes. O trabalho desenvolvido pela fonoaudióloga Carolina Ferreira Campos-Flumian, explorou como essas condições afetam a audição nesse grupo mais jovem.
O Que são doenças Reumáticas Pediátricas?
Essas condições, como a Artrite Idiopática Juvenil (AIJ) e outras doenças autoimunes, são raras em crianças, mas não são inexistentes. Elas envolvem inflamação crônica que pode afetar as articulações, pele, olhos e outros órgãos, inclusive o aparelho auditivo.
O que acontece com a audição dos jovens que têm doenças reumáticas?
O estudo em questão se propôs a avaliar a audição em crianças e adolescentes com doenças reumáticas pediátricas. Para isso, foram realizados testes audiológicos abrangentes, incluindo audiometria, timpanometria, emissões otoacústicas e potenciais evocados auditivos. Os resultados são surpreendentes.
Os resultados do estudo mostraram que pacientes com doenças reumáticas pediátricas – crianças e jovens – frequentemente apresentam sintomas auditivos, como zumbido, vertigem, otalgia, secreção no ouvido, diminuição da acuidade auditiva e desatenção. Esses sintomas não são exclusivos de adultos, e as crianças também podem experimentá-los.
Os testes audiológicos revelaram várias alterações, com maior frequência de problemas em ondas sonoras agudas Artrite Idiopática Juvenil (AIJ) e em ondas sonoras graves no grupo de pacientes com Outras doenças auto-imune (ODAI). A audiometria identificou perda auditiva neurossensorial em ambas as frequências, com limiares de até 35 dB.
Quais são as implicações práticas dessas descobertas para o cuidado de crianças?
Os resultados sugerem um possível comprometimento coclear em crianças e jovens com doenças reumáticas pediátricas. As emissões otoacústicas foram sensíveis para detectar pequenas alterações nas células ciliadas externas, nos pacientes.
Apesar dos achados intrigantes, o estudo apresentou algumas limitações, incluindo sua natureza transversal e o número restrito de casos. Além disso, a natureza exata dos mecanismos patogênicos subjacentes ainda não foi completamente elucidada. Portanto, são necessários estudos longitudinais para entender melhor o impacto dessas doenças na audição de crianças e adolescentes.
Vimos a importância de uma avaliação auditiva abrangente em crianças com doenças reumáticas pediátricas. Embora essas condições sejam raras nessa faixa etária, elas podem ter um impacto significativo na audição. Portanto, se seu filho apresenta alguma doença auto-imune, não espere os sintomas auditivos aparecerem para procurar ajuda de um fonoaudiólogo especializado.. A audição desempenha um papel crucial no desenvolvimento e na qualidade de vida das crianças, e uma detecção precoce pode fazer toda a diferença.
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